Conhecendo um pouco mais sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC)

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Conhecendo um pouco mais sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC)

Por mais que se fale sobre o assunto, sempre há mais (muito mais!) a conhecer sobre as PANC.

Há muito sabemos da importância do consumo de hortaliças como fonte de nutrientes, principalmente de vitaminas, sais minerais e fibras, além de algumas delas também nos fornecerem carboidratos e proteínas.

No entanto, em alguns locais, devido aos mais variados motivos, sejam eles questões climáticas, financeiras, culturais ou sociais, ou mesmo mudanças nos hábitos alimentares, o baixo consumo de hortaliças pode se caracterizar como um problema de segurança alimentar e nutricional.

Consumo de hortaliças

O cultivo e o consumo de hortaliças frescas tem diminuído em diversas regiões do país, em áreas rurais e urbanas, e este é um fato generalizado, independente de classes sociais.

Se isto é verdade até para as hortaliças convencionais, que são encontradas em qualquer feira ou supermercado (batata, tomate, pepino, alface, couve e outras), vale muito mais para aquelas não-convencionais, que são espécies que não estão organizadas enquanto cadeias produtivas, portanto muito mais difíceis de ser encontradas nos locais habituais de consumo.

Por isso existe hoje este movimento tão significativo, que busca resgatar a diversidade e a riqueza da nossa dieta, preservando bons hábitos alimentares, e ainda ressaltando a valorização do nosso patrimônio sociocultural, por meio da introdução, ou resgate, das PANC (plantas alimentícias não convencionais) para uma alimentação mais saudável.

Elas estão na moda, são alvo de inúmeros cursos e publicações, e estimulam a criatividade dos melhores Chefs. Assim, nunca é demais conhecer melhor sobre o consumo dessas plantas.

As PANC estão em todos os lugares, mas atenção!

As plantas alimentícias não convencionais estão nas ruas, nas hortas, nos campos, em vários lugares. Mas todo o cuidado é pouco. Não é só sair por aí, cruzar com uma dessas plantas comestíveis no caminho, arrancá-la e ir comendo. Não é assim que a coisa funciona.

Geralmente, mais ainda em cidades grandes, as calçadas e ruas são ambientes poluídos e as plantas podem estar contaminadas por bactérias ou dejetos. Então, você pode colher essas plantas, higienizá-las muito bem, fervendo-as para matar os germes e consumi-las, ou você pode pegar mudas e sementes das ruas ou de qualquer lugar e cultivá-las em sua casa. Outra opção é encontrá-las em feiras especiais, como as que vendem produtos orgânicos.

Alerta: nem todas as partes das PANC são comestíveis

Algumas plantas podem ter frutos comestíveis mas folhas tóxicas, algumas flores são comestíveis mas o seu fruto não, por exemplo. Então é muito importante se inteirar direitinho sobre o assunto e buscar conhecer melhor cada uma delas, para não correr riscos desnecessários. No fim desta matéria você encontra a indicação de fontes que trazem informações sobre cada uma destas plantas, mas adiantamos aqui um pouco sobre algumas delas.

>> Veja também, algumas receitas com PANC, que brilham cada vez mais nas cozinhas de todo o país! <<

 

Lista de PANCs mais consumidas:

Em algumas publicações, como Hortaliças Não-Convencionais (Tradicionais), preparada pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e Guia prático sobre PANCs: plantas alimentícias não convencionais, do Instituto Kairós, encontramos as características e os usos de várias dessas plantas, como segue:

  • Almeirão-de-árvore: Usada como a couve ou espinafre no preparo de pratos quentes ou em saladas. Pode ser preparado com feijão, arroz, angu e como recheio de bolinhos e tortas.
  • Araruta: Uso tradicional na forma do polvilho extraído das raízes (rizomas). O polvilho seco e peneirado é usado para fazer bolos, biscoitos e mingau. Também engrossa molhos, cremes e sopas.
  • Azedinha: As folhas frescas picadas podem ser utilizadas em saladas e moderadamente em sucos verdes, conferindo-lhes um agradável e estimulante sabor ácido. As folhas refogadas são usadas também em sopas e molhos. Rica em ferro, também pode ser usada em pratos doces, caipirinhas, sucos e geleias. São duas variedades, a graúda e a pequena. Deve ser evitada por quem é intolerante à carambola.
  • Beldroega: Dela são utilizados os talos e as folhas em saladas cruas, sucos, sopas e caldos, conferindo-lhes uma característica consistência cremosa.
  • Bertalha: É utilizada refogada, cozida e em sopas, da mesma forma que se utiliza o espinafre. De origem asiática, é uma planta trepadeira bem conhecida no Rio de Janeiro, e tem sabor único, que lembra a folha da beterraba. Fervida rapidamente e temperada, vira um ótimo recheio de pastel. Seus frutos produzem excelente corante alimentar roxo.
  • Cambuquira: Assim são chamados os brotos e folhas jovens de abóbora e chuchu, bastante usados na Europa e na nossa cozinha caipira. São ricos em vitaminas A, C e E. Desde que sejam tenros, os caules também podem ser descascados e refogados junto com os brotos e folhas. Apenas as pontas tenras dos brotos (um palmo) devem ser usadas e fervidas para amaciar. Vão bem em sopas, com polenta ou com ovos.
  • Capiçoba: De sabor levemente amargo, é consumida como couve e pode ser acompanhada com angu, arroz e feijão.
  • Capuchinha: Com folhas, flores e sementes comestíveis, tem sabor picante, semelhante ao agrião e à rúcula. Confere um toque exótico às saladas. Seu caule é suculento e as folhas possuem formato arredondado, com flores vistosas em tons de vermelho, laranja e amarelo. Os frutos verdes em conserva são semelhantes às alcaparras. Pode ser usada em molhos, saladas, pestos e omeletes.
  • Chaya: Suas folhas, que devem ser sempre cozidas, podem ser usadas em caldos verdes ou em cozidos com carnes, substituindo a couve. Chamada de espinafre de árvore, é uma planta de consumo milenar pelos povos mesoamericanos. É rica em cálcio, vitamina A e C.
  • Chicória-do-pará: Muito utilizada como condimento, no Norte faz parte do popular “cheiro-verde”.
  • Chuchu-de-vento: Os frutos são consumidos refogados, cozidos, em pratos com carnes ou aves ou recheados. De sabor levemente amargo, semelhante ao do jiló, os frutos ainda verdes podem ser consumidos crus.
  • Cubiu: Pode ser consumido ao natural, ou processado na forma de sucos, doces, geleias e compotas. Também é usado na caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango.
  • Folhas de batata-doce: Ricas em nutrientes e antioxidantes, essas folhas podem ser usadas como a couve e o espinafre, após um cozimento rápido. De uso comum na culinária asiática e africana, podem ser servidas em tortas, molhos e como acompanhamento.
  • Inhame: Fonte saudável de carboidratos, pode ser consumido cozido, frito, assado ou em forma de pão.
  • Jambu: Com paladar peculiar que causa um amortecimento característico das mucosas, é utilizado no Norte para o preparo de pratos tradicionais como o tacacá, o pato no tucupi e peixes regionais.
  • Jurubeba: Particularmente amargos, os frutos são cozidos com arroz ou feijão, ou utilizados em forma de conservas.
  • Mangarito: Depois de cozido, sua polpa branca ou amarelada, dependendo da variedade, ganha consistência tenra. É usado da mesma forma que a batata e a mandioca – cozido, frito, em purê, bolinhos, sopas e assados.
  • Maxixe: É consumido refogado ou cozido com arroz, carne ou feijão. Para consumo cru, o maxixe deve ser previamente descascado ou raspado, retirando-se a fina casca.
  • Ora-pro-nobis: A combinação mais usada em pratos tradicionais em Minas Gerais é com frango ou com angu, mas também aparece no feijão, na polenta e no recheio de massas e salgados. Vai bem também em sopas, mexidos e omeletes. Pode-se usar as folhas secas e moídas no preparo da farinha múltipla, complemento nutricional no combate à desnutrição. Possui alto teor de proteínas e de fibras. Para não soltar baba, não deve ser picada.
  • Palma: Refogada ou em suco verde, a palma é um cacto comestível. Para ingerir os brotos eles devem ser descascados e seus espinhos eliminados. Usada como legume no México e parecida com o chuchu, é rica em vitamina C, cálcio e magnésio. Batida com limão e capim-santo, faz um suco verde cremoso e refrescante.
  • Peixinho: Suas folhas podem ser utilizadas no preparo de sucos, refogados, sopas, omeletes e recheios diversos. Quando preparadas à milanesa seu sabor assemelha-se ao de peixe, servindo como ótimo petisco. Também chamada de orelha-de-coelho e lambari-da-horta, de suas folhas suculentas e nutritivas pode-se fazer lasanha, massas e até risoto.
  • Serralha: suas folhas são utilizadas como hortaliça e condimento. É consumida refogada em alho e acompanha feijão, polenta, angu ou cozidos. Seu sabor amargo é amenizado se ficar de molho em água fria ou em caldo de laranja-lima. Não deve ser confundida com a planta emília, serralhinha ou pincel-de-estudante (Emilia sonchifolia), de flores vermelhas, cujo uso na alimentação não é recomendado cientificamente.
  • Taioba: Suas folhas enormes são um clássico na comida caipira. Tóxicas quando cruas, seus rizomas podem ser usados como o inhame. Deve ser consumida somente cozida ou branqueada (choque térmico). De sabor excelente, substitui a couve da feijoada, o repolho do charutinho, e pode ser usada em vários outros preparos. Seu talo é comestível, mas deve ser preparado separadamente. Tradicional da culinária porto-riquenha e indiana, requer cuidado para não ser confundida com a taioba de talos roxos, que é comestível mas exige preparo especial.
  • Vinagreira: As folhas são usadas em saladas cruas ou refogadas e as flores em chás. Seus cálices viram geleias e sucos. É ingrediente do tradicional arroz-de-cuxá do Maranhão.

 

Você tem espaço para uma horta, tem um canteiro, ou até mesmo só um cantinho em sua casa? Que tal começar a cultivar as suas PANC agora mesmo?

 

Você encontra mais informações em:

Hortaliças não-convencionais: (tradicionais) / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: MAPA/ ACS, 2010. Disponível em: http://biblioteca.consumoresponsavel.org.br/files/original/8ed263e13f4bb8a26cd01d89882eea07.pdf

Guia prático sobre PANCs :plantas alimentícias não convencionais, organizado pelo Instituto Kairós; coordenação Guilherme Reis Ranieri; ilustração Felipe Borqea, Vinicius Nascimento, Juliana Rodrigues Gonçalves 1.ed. São Paulo :Instituto Kairós, 2017. Disponível em: https://institutokairos.net/wp-content/uploads/2017/08/Cartilha-Guia-Pr%C3%A1tico-de-PANC-Plantas-Alimenticias-Nao-Convencionais.pdf

Manual de hortaliças não-convencionais / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. – Brasília: Mapa/ACS, 2010. http://www.abcsem.com.br/docs/manual_hortalicas_web.pdf

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