Projeto Leite Humano em pó

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Projeto Leite Humano em pó

Uma solução inovadora que promete trazer benefícios para mães e bebês

Já pensou se o leite materno pudesse ser adquirido em pó, assim como as fórmulas infantis vendidas nos mercados?

Os pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) pensaram nisso e foram além: desenvolveram um projeto de pesquisa para avaliar a viabilidade de colocar esta ideia em prática.

Venha entender melhor sobre o Projeto do Leite Humano em Pó na matéria a seguir.

Qual a importância do leite materno para o bebê?

O leite materno é a melhor fonte de nutrição para o bebê e a maneira mais econômica e eficiente de diminuir as taxas de mortalidade infantil.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o aleitamento materno reduz em até 13% as mortes de crianças até os cinco anos.

Além disso, o consumo do leite materno evita o desenvolvimento de doenças respiratórias, alergias, infecções, hipertensão, diabetes, colesterol alto e obesidade.

Dentre os principais benefícios do aleitamento materno estão o aporte de nutrientes e anticorpos transmitidos da mãe para o bebê, o que fortalece seu sistema imunológico.

O Ministério da Saúde recomenda amamentação exclusiva até os seis meses de vida e complementar até os 2 anos ou mais.

O fato é que muitas mulheres não podem amamentar. A falta de condições adequadas de saúde, como a presença do vírus HIV, tratamento quimioterápico, ou até mesmo a inexistência de orientação e acompanhamento corretos, são algumas razões para o aleitamento não acontecer no período adequado.

Com o intuito de promover, apoiar e proteger o aleitamento materno e coletar e distribuir leite humano de qualidade, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz criou, em 1998, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH- BR).

Atualmente, os Bancos de Leites Humanos (BLH) somam 222 unidades e 217 postos de coleta espalhados por todos os estados brasileiros.

A rBLH-BR foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo.

Entretanto, quase metade dos bebês brasileiros que precisam do leite materno doado, ainda não conseguem ter acesso a ele.

A falta de doadoras e o desperdício de leite humano contribuem para este triste cenário.

Os BLH necessitam de doações de leite humano de mães que sejam saudáveis, não tomem medicamentos que possam interferir na amamentação, produzam leite além das necessidades do seu filho e que se disponibilizem a ordenhar, armazenar e entregar o leite congelado em um dos pontos de coleta espalhados pelo Brasil (algumas unidades dos BLH possuem sistema de coleta domiciliar).

Todo este processo exige muito cuidado que envolve medidas de higiene da mãe, esterilização do recipiente a ser utilizado e armazenamento em freezer ou congelador.

O produto não pode ser levado a um banco que esteja há mais de 6 horas de distância da doadora. Essa regra é exigida pois o leite não pode descongelar no caminho.

Além disso, as doadoras costumam coletar e armazenar o leite em potes de vidro que utilizam em casa, como embalagens vazias de maionese, geléia ou café solúvel. Durante o transporte, os potes correm o risco de quebrar, desperdiçando, assim, todo o material coletado.

Ao chegar no BLH o leite é submetido a um processo que envolve análise, classificação, pasteurização e controle de qualidade. De acordo com a necessidade, o leite congelado é encaminhado para atender cada recém-nascido internado.

O processo de conservação gera muito desperdício, pois uma vez descongelado, todo o volume contido no recipiente precisa ser utilizado dentro do prazo de 24 horas, não podendo ser congelado novamente.

Desta forma, se um frasco de 250 mililitros, por exemplo, é enviado para uma UTI neonatal para atender um bebê que consome em média 20 mililitros por dia, o restante do líquido deverá ser desprezado.

Portanto, além de poder gerar desperdício, o leite humano exige grande estrutura para armazenamento e conservação, uma vez que precisa ser mantido sob refrigeração.

Como surgiu o Projeto Leite Humano em Pó?

Em 2019, os professores da Universidade Estadual de Maringá, Jessuí Vergilio Visentainer e Oscar de Oliveira Santos Junior, em contato com o BLH que fica dentro do hospital universitário, acompanharam as dificuldades com a conservação e estocagem de leite materno.

Foi então que surgiu a ideia de testar um processo de liofilização (processo de “secagem” de um determinado produto, removendo toda a água dele para transformá-lo em outra forma de consumo).

Como ocorre o processo de liofilização?

Na liofilização, o produto congelado é colocado em um equipamento que diminui rapidamente ainda mais a sua temperatura.

Com isso, a pressão sobe e toda a água presente no leite (aproximadamente 90%) passa do estado sólido para o gasoso. É o chamado processo de sublimação.

Desta forma, resta apenas a “farinha” do leite que são os componentes nutricionais, o que chamamos de leite em pó.

O leite em pó gerado neste processo tem um volume menor que o leite líquido e não necessita ser conservado sob refrigeração, o que facilita muito seu armazenamento.

Para preparar o leite e servi-lo ao recém-nascido, adicionar ao pó água morna filtrada. Exatamente o mesmo processo que se faz para preparar o leite a partir das fórmulas infantis vendidas nos mercados.

Desta maneira, além de prático, o processo evita o desperdício já que pode ser utilizada somente a quantidade de pó necessária para a demanda do momento.

Além disso, ao que tudo indica o processo de pesquisa dos professores, o leite em pó terá uma durabilidade maior do que o leite congelado.

Os professores seguem em pesquisa para comprovar a viabilidade de execução desta técnica em grande escala, sem a perda de nutrientes do leite materno.

O projeto de pesquisa foi um dos selecionados na sétima edição do Edital da Fundação Cargill (“Projeto Leite Humano em Pó: processamento, controle de qualidade e aleitamento materno”) e já está recebendo apoio financeiro para ser desenvolvido.

“O projeto beneficiará bebês atendidos pelo banco de leite de Maringá, profissionais da rede brasileira de bancos de leite humano, mães e gestantes”, explica Oscar de Oliveira Santos Junior, coordenador do Projeto.

Assim, os pesquisadores seguem trabalhando constantemente, confiantes nos benefícios que a proposta trará aos bebês brasileiros.

Fontes:

Higiene Alimentar

Hospital Universitário de Maringá

Saúde Gov

Fio Cruz

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