As recomendações são claras: não compre mais do que vai consumir, não coloque mais no prato do que pode comer, não desperdice alimentos jamais. Mas, mesmo assim… sobrou! E agora? Como garantir o aproveitamento saudável das sobras de alimentos?
Com cuidado e criatividade, podemos explorar ao máximo os nutrientes e diminuir substancialmente o desperdício. Para preservar o valor nutricional dos alimentos e evitar danos à saúde, é preciso dedicar uma atenção especial à forma como as sobras serão armazenadas e reaproveitadas. Há duas questões especialmente importantes quando o assunto é reaproveitamento de comida:
Perda nutricional dos alimentos
Não é possível evitá-la, mas podemos minimizá-la. A maior parte das vitaminas é sensível à temperatura e ao oxigênio e é por isso que os alimentos como frutas e legumes começam a perder nutrientes assim que são abertos.
As baixas temperaturas contribuem para amenizar esse processo, portanto a refrigeração é sempre indicada para uma melhor preservação da qualidade na tabela nutritiva dos alimentos. No caso de sucos de frutas, por exemplo, é recomendado que sejam consumidos no máximo até 30 minutos após o preparo, para um melhor aproveitamento dos nutrientes.
Deterioração de alimentos
Para garantir uma alimentação segura, afastando o risco de ingerir alimentos estragados ou contaminados, é necessário entender como ocorre o processo que deixará o alimento impróprio para consumo.
Os alimentos apodrecem devido à presença de micro-organismos, não apenas neles próprios, mas também no ar, motivo pelo qual eles devem estar cobertos quando forem guardados. O pão que mofou, a carne que estragou, o leite que azedou, todos sofreram a ação de micro-organismos.
De acordo com informações da Anvisa, os micróbios podem se multiplicar muito depressa se os alimentos estiverem em temperatura ambiente. Uma temperatura abaixo dos 5 °C e acima dos 60 °C retarda ou até mesmo evita essa multiplicação. Alguns micróbios que podem causar Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs) proliferam mesmo abaixo dos 5 °C.
O calor favorece o crescimento bacteriano e, consequentemente, a intoxicação alimentar. Por outro lado, a baixa temperatura reduz a velocidade de crescimento de bactérias, motivo pelo qual a refrigeração dos alimentos é a melhor forma de evitar tanto os prejuízos à saúde quanto o desperdício de comida.
A conservação dos alimentos
- Os micro-organismos precisam de umidade para se multiplicar, então quanto mais água houver na composição dos alimentos, mais eles estarão sujeitos à deterioração. É esse o caso de peixes, carnes, aves e laticínios.
- Os alimentos gordurosos são mais resistentes. O mesmo ocorre com os alimentos industrializados, pois estes passam por processos como a pasteurização, por exemplo, que esteriliza os alimentos, eliminando os micro-organismos nocivos, ampliando assim a durabilidade também depois de abertas as embalagens.
- A boa higienização prolonga a longevidade dos alimentos. Até as embalagens fechadas, como latas e garrafas PET, devem ser lavadas com água e sabão antes de ser guardadas no armário ou na geladeira, pois mesmo as eventuais sujidades externas podem contaminar os alimentos próximos
A Anvisa indica os seguintes cuidados:
- Não deixe alimentos cozidos por mais de duas horas em temperatura ambiente.
- Refrigere rapidamente os alimentos cozidos e os perecíveis, preferencialmente abaixo de 5° C.
- Mantenha os alimentos cozidos quentes (acima de 60° C) até o momento de ser servidos.
- Não armazene alimentos durante muito tempo. O prazo máximo de consumo do alimento preparado deve ser de 5 (cinco) dias, mesmo que conservado sob refrigeração.
- Não descongele alimentos em temperatura ambiente. O descongelamento deve ser efetuado em condições de refrigeração, em temperatura inferior a 5ºC ou em forno de microondas, quando o alimento for submetido imediatamente ao cozimento.
Na geladeira
Especialmente no verão, o indicado é preparar apenas as quantidades de alimentos suficientes para o consumo imediato. Mas, se sobrar, preste atenção nas sugestões a ser seguidas na hora de guardar e conservar os alimentos na geladeira:
- A temperatura do congelador e do freezer não são iguais. Portanto, os alimentos guardados no congelador devem ser consumidos antes, pois não duram tanto quanto os conservados no freezer. A temperatura do freezer deve estar sempre abaixo de -18 graus.
- Se sobrarem verduras ou legumes in natura, lave-os em água corrente, deixe de molho em uma solução com 1 colher (sopa) de água sanitária por litro de água por uma hora, seque-os e guarde na geladeira em embalagem fechada (potes ou sacos plásticos).
- Não encha demais a geladeira, porque isso pode diminuir sua capacidade de resfriamento.
- Forrar as prateleiras com plástico atrapalha o fluxo de ar e o resfriamento.
- As sobras de alimentos preparados podem ir logo para a geladeira, mesmo quentes, porém em recipiente descoberto. Não esqueça de tampar depois que esfriar.
- Geladeira e freezer apenas conservam. Eles não revertem um processo já iniciado de deterioração. Portanto, guarde os alimentos antes que comecem a estragar.
- Use sempre recipientes com tampas.
- Não guarde restos de alimentos enlatados em suas latas já abertas. Passe o que sobrou para um pote de vidro ou plástico, e mantenha-os tampados na geladeira.
- Evite deixar a porta da geladeira aberta.
Mas, o que fazer com as sobras de alimentos?
Podemos reutilizar o que sobrou das refeições em receitas saborosas e fáceis de fazer. Aqui vão algumas sugestões de como aproveitar essas sobras de comida:
- Arroz – arroz de forno, bolinho de arroz, engrossar uma sopa
- Feijão – tutu, sopa
- Carne – croquetes, bolinhos, recheio de tortas e pastéis, farofa
- Frango – salpicão, salada caesar, recheio de tortas e panquecas, patês
- Legumes e verduras – bolinhos, sopas, recheios de tortas e quiches
- Peixe – iscas, bolinhos, saladas
- Frutas – sucos, geleias
- Pães – torradas e farinha de rosca
E é esta a hora da criatividade! Agora é sua vez de aproveitar as dicas da Alimentação em Foco e reaproveitar as sobras de alimentos!
Fontes: Anvisa, Bvsms, Prefeitura de São Paulo, CFN.