Azeite de dendê: o queridinho da nossa culinária

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Azeite de dendê: o queridinho da nossa culinária

Conheça a história do azeite de dendê: o que ele representa para os brasileiros e tudo que ele pode oferecer

Dependendo da região que você vive, talvez não utilize o azeite de dendê nas suas receitas, mas com certeza já experimentou alguma iguaria que leva esse ingrediente.

Ele está presente no preparo dos principais pratos da culinária afro-brasileira e é o segundo óleo mais produzido e consumido no país.

Mas, de onde vem o azeite de dendê?

Ele é extraído da polpa do dendê, um pequeno fruto de cor alaranjada ou amarronzada, produzido por uma espécie de palmeira, chamada dendezeiro ou palmeira-de-dendê (Elaeis guineenses).

O dendezeiro pode chegar até quinze metros de altura e se desenvolve em regiões tropicais com clima quente e úmido.

Onde surgiu o dendezeiro?

O dendezeiro tem sua origem na África, mais precisamente na costa do Golfo de Guiné, parte litorânea ocidental do continente africano.

Durante o período da colonização recente da África, os dendezeiros, parte integrante da paisagem africana, chamaram a atenção dos visitantes europeus.

Além disso, o azeite de dendê já era presente nos hábitos e na cultura popular dos povos nativos naquela época.

Na obra “Relação do Reino de Congo e das Terras Circunvizinhas”, datada de 1591, o comerciante e explorador português Duarte Lopez relata o uso do azeite de dendê pelos africanos: “o azeite faz-se da polpa do fruto… e usam-no como azeite e a manteiga, e arde, e com ele se untam corpos e é boníssimo na comida”.

Além dos relatos dos colonizadores europeus na África, existem registros muito mais antigos que evidenciam o uso do azeite de dendê ou óleo de palma, como também é chamado, nas cortes dos faraós do Egito, há mais de 5 mil anos.

No Brasil, o fruto chegou no século XVII, junto com o abominável comércio escravagista existente à época. As palmeiras do dendê foram cultivadas ao redor da cidade do Salvador para atender ao consumo local do que era o maior centro demográfico daquela época.

Como já era costume na África, dificilmente uma iguaria era preparada pelos afrodescendentes sem a participação do azeite de dendê, para dar cor, aroma e sabor tão peculiar aos pratos. Esses hábitos ajudavam manter viva sua cultura por gerações.

O livro “História da Alimentação no Brasil”, do historiador Luís da Câmara Cascudo conta o início do uso do azeite de dendê no nosso país. Sem dúvidas, a culinária afro-brasileira que experimentamos hoje, vem recheada de cultura e história.

O uso do azeite de dendê no Brasil

A herança cultural do uso do azeite de dendê na culinária continua muito apreciada nos dias de hoje.

Veja alguns exemplos de pratos populares da cozinha afro-brasileira que são preparados com o azeite de dendê:

  • Acarajé – bolinhos de feijão fradinho, pisados no pilão e fritos em azeite de dendê;
  • Caruru – comida feita com quiabo picado, camarão, frango e azeite de dendê;
  • Omalá – prato elaborado com quiabo e azeite de dendê e servido com pirão de arroz;
  • Bobó de camarão – prato à base de aipim, azeite de dendê e camarões;
  • Ipetê – prato elaborado com inhame cozido, azeite de dendê e camarões secos;
  • Vatapá – iguaria que tem por base farinha de trigo, carne de peixe desfiada, camarão fresco e seco e azeite de dendê;
  • Moqueca – guisado de peixe, frutos do mar, carne ou ovos, feito com leite de coco, e azeite de dendê;
  • Abará – bolinho de feijão fradinho moído cozido em banho-maria, temperado com azeite de dendê e embrulhado em folha de bananeira;
  • Farofa de dendê – farinha de mandioca torrada feita com cebola picada e azeite de dendê;
  • Xinxim – carne temperada e refogada em azeite de dendê com camarão seco, amendoim e castanha de caju.

Além da utilização nas receitas, por conta da sua consistência e por não estragar facilmente, o azeite de dendê é apropriado também para a fabricação de outros alimentos como: margarinas, gorduras vegetais, pães, bolos, tortas, sorvetes, barras de chocolate, biscoitos finos e cremes e óleos de cozinha.

O azeite de dendê está em situação de destaque no mercado mundial de óleos, sua produção ocupa atualmente o segundo lugar, perdendo apenas para o óleo de soja.

A Malásia é o maior produtor mundial do azeite de dendê, gerando na zona rural mais de 250.000 empregos diretos.

No Brasil, o azeite de dendê é produzido principalmente nos estados da Bahia, Pará e Amapá (Região Amazônica).

Você sabia?

O azeite de dendê apresenta alguns elementos antioxidantes e um elevado teor de carotenoides (importante fonte de vitamina A), e seu uso é associado a substâncias anticancerígenas.

Benefícios do azeite de dendê para culinária e para o planeta

A cultura do dendê representa uma das atividades agroindustriais mais relevantes das regiões tropicais úmidas do nosso país e além disso, tem um forte apelo ecológico.

Seu cultivo apresenta baixos níveis de agressão ambiental, possui grande potencial para absorver o gás carbônico, protege o solo da erosão e auxilia na restauração do balanço hídrico e climatológico do planeta.

O fruto do dendezeiro é tão rico que o resíduo restante da última prensagem contém de 14% a 18% de proteína, sendo utilizado, inclusive, como um dos componentes na fabricação de ração animal.

Além disso, do dendezeiro tudo se aproveita: os talos e as palhas são utilizados para a confecção de artesanatos e nas práticas dos cultos de candomblés; do fruto do dendê é extraído dois tipos de óleo: o azeite de dendê retirado polpa do fruto e o óleo de palmiste extraído da amêndoa.

Esse último é bastante utilizado na indústria de cosméticos por possuir nutrientes naturais e propriedades hidratantes.

Com versatilidade de uso, o azeite de dendê se espalhou pelo Brasil e hoje pode ser apreciado em todas as regiões.

Um ingrediente querido pelos brasileiros, não apenas pelo seu sabor único, mas especialmente por sua importância cultural que atravessa o tempo e ajuda a contar a história do nosso país.

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